O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou durante interrogatório nesta segunda-feira (09) que não usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ramagem foi o segundo a prestar depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz as oitivas do chamado “núcleo crucial” ou “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
O ex-diretor da Abin negou as acusações e disse que provará sua inocência. Ele reforçou que as anotações encontradas em seus equipamentos pela Polícia Federal sobre supostas fraudes nas eleições eram de uso privado e tratavam da proposta de emenda à Constituição do voto impresso auditável (PEC 135/19), uma bandeira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi rejeitada pela Câmara em agosto de 2021. “Havia uma insatisfação com decisões do STF. A minha solução era a Advocacia-Geral da União, questão técnica”, afirmou.

Ramagem é acusado de montar uma espécie de “estrutura paralela” na Abin a fim de questionar a legalidade do sistema eletrônico de votação, bem como monitorar potenciais adversários de Bolsonaro e suposta produção de desinformação para divulgação nas redes sociais, o órgão usaria o sistema First Mile para monitorar autoridades. Contudo, Ramagem destacou que a cúpula da Abin jamais atuou contra autoridades e atribuiu qualquer irregularidade a uma eventual ação isolada de servidores.
O ministro Luiz Fux questionou o deputado se existem “arapongas autônomos” que fazem o que querem na Abin. Ramagem disse que tinha a mesma dúvida e quando assumiu a agência fez um “pente-fino de tecnologias” e trouxe um perito da Polícia Federal para “prova de conceito”, porque viu que os servidores “andavam com objetivos próprios”.
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